pequenos pedaços de mim, distribuo!
aguardo, o tempo está parado,
aguardo pelo tempo,
em que apenas farei parte de um passado,
esse ideia remota deixa-me angustiado!
passado, presente, futuro…
tempos que deixam marcas, tempos que deixam falhas,
mas se o relógio não para…
porque haveríamos de parar?parei, pensei!
e ao pensar em pararo meu pensamento parou no tempo!
agora só me resta o estado físicoe esse só envelhece!
o coração já não bate,a mão já não aquece, a mente arrefece!
são apenas pequenos pedaços de um corpo que já não luta
porque a vida é tão ingrata e tão curta!
e eu sou apenas tão pouco!
eu sou apenas tão rouco neste oceano de gritos!
mas sou só o que herdei dos outros e dos seus conflitos,
pequenos pedaços de mim, deito fora,não gosto!
não sou eu!!!nego-me perante o espelho!
nego-me perante a vida!a negação é uma arma,
a verdade uma saída!então eu saio, e nada mais tenho pra mostrar…
‘tou vazia! oca! completamente sem estômago!
pareço um esqueleto, sem fôlego!
pequenos pedaços de mim, embrulho!e ofereço,
a quem menos me suporta
pequenos pedaços de mim, arrumo!
sem fazer barulho, recolho os meus pedaços e guardo-os,
no quarto mais escuro!
afinal… já nem sei o que é o mundo!